domingo, fevereiro 25, 2007

Meus Rabiscos (inédito)














Rabisco no papel estes dois ou três versos,
Em louvor aos amores que perdi,
Em memória às lutas das quais fugi,
Uma ode aos personagens que nunca fui, mas que bem fingi.

Rabisco três ou quatro versos neste papel
Para eternizar minha vida no coração dos outros,
Para reunir tantos sentimentos soltos,
Para gravá-los nos pensamentos mais absortos.

Rabisco quatro ou cinco versos neste papel
Para me impor às paredes desta cidade,
Para denegrir a falsidade,
Para mortificar a mortífera saudade.

Rabisco cinco ou seis versos neste papel
Já que não posso me perder nos teus cabelos,
Já que ninguém atende meus infantis apelos,
Já que sou covarde diante dos meus medos,
Já que tenho desejos e não posso satisfazê-los,
Muito menos contê-los.

Rabisco seis ou sete versos neste papel
Para exprimir meu desprezo latente
De quem mente
Quando diz que sente,
De quem sabe que é gente
Mas que se esquece que sou mais,
Ou, pelo menos, igualmente.

Rabisco oito ou nove versos neste papel
Para ver se convenço os seres da minha decência,
Para ver se os faço desistir da violência –
A violação bruta da minha consciência,
A mancha crua sobre minha transparência.

Rabisco sete ou oito versos neste papel,
Não são para leitores – todos ocupados,
Não são para amores – todos passados,
Não são para sonhos – todos fraturados.

Rabisco oito ou neve versos neste papel
Para lhe pedir (implorar é o que faço!):
Respeite para ter e manter seu espaço.
Receba com carinho os amigos em teu palácio,
E nunca... Nunca economize um abraço.

Rabisco nove ou dez versos neste papel
Porque, diante de minha insignificância,
Os versos tomam ares de alguma importância.
Aqui no papel, sei que talvez não valha pena ler;
Porém, aqui dentro de mim,
São poucos versos resumindo todo o meu ser.

sábado, fevereiro 24, 2007

As estrelas morrem

Se alguém gostar desse poema, prometa-me mudar seus conceitos. Achei-o fraturado, foi um dos poucos que sobraram dos quais escrevi para Aline.

Todas as esquisitices das pessoas que vivem na solidão pareciam tomar conta do seu espírito. A todo o momento uma saudade revive em nosso coração para torturá-lo. Guy de Maupassant

O amor é sempre belo, mas só é grande quando sofre, perdoa ou tem saudades. Luiz Depret



ESTRELA DA MANHÃ

As estrelas morrem.
Você morreu.
Não morreu para o mundo.
Nem morreu para mim.
Morreu para nós.

Sumiu!
Tão breve quanto chegou.
Sumiu no caminho,
Não ficaste lá trás.
Avançaste demais.

Não consegui te acompanhar,
Você me perdoaria por isso?
Por não ter o ouro que querias?
Por não ser tão famoso como gostarias?
Por não encontrar as chaves de que precisavas?
Perdoaria?

Não lhe peço o perdão.
Peço que reconsidere;
Que pense;
Que pare;
Que sinta;
Que volte.

Minhas manhãs são muito longas.
Minhas tardes são muito vazias.
Minhas noites são escuras,
sem estrelas
E sem luar.

Não consigo suportar essas sombras.
Apalpo pelas vielas;
Tropeço nos meios-fios;
Caio sobre a saudade;
Levanto na tristeza.

Preciso da sua luz;
A luz que emana do seu olhar exultante;
A luz que brota de suas palavras confusas;
A luz que mina de sua alma menina.

Luz. Não tenho luz.
As pessoas me dizem isso todos os dias,
Com olhares,
Com sorrisos,
com feições controladas,
Com um desprezo inconsciente.

Falta-me essa luz que eu refletia de você.
Falta-me essa voz que saía de sua boca.
Falta-me esse olhar que dizia que me amava,
Sem palavras,
Apenas com um silêncio,
Dois olhares
E um sorriso.


Falta-me sua alegria.
Falta-me seu perfume por essa casa.
Falta-me sua mão segurando a minha...
A minha alma;
A minha felicidade;
As minhas loucuras.

Olhos os caminhos.
São tão diversos.
Olho os carros.
São tão velozes.
Olho os aviões.
Estão tão altos.
Não estás em nenhum deles.

Estás nos sonhos.
De tantos e nos meus.
Devagar, os meus sonhos são tomados
Pela sua arrebatadora presença;
Pela sua risada ruidosa;
Pela saudade de você
E pelas nossas conversas,
E pelas nossas dúvidas.

Sinto o aroma que sua pele exalava.
Sinto a leveza dos passos que imprimias na calçada.
Sinto o tumulto de seu carro chegando.
Mas é somente um devaneio.

Mas sei que voltarás.
Num dia em que tudo estiver estranho,
Num dia em que tudo conspirar a favor,
Nesse dia voltarás.
Você e suas doenças,
E suas opiniões,
E suas apostas.

No entanto, terás mudado.
Estará sem a sua simpatia,
Sem seu perfume,
Sem sua puerilidade,
E sem me amar.

Contudo, não há problemas.
A partir desse dia memorável,
Novamente, contemplarei sua presença
Sem nunca lhe direi que a amo –
Sempre foi assim –
Nunca ouvirei que me amas –
Sempre será assim.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Sempre achei que as pessoas me decepcionavam.
Depois de uma olhada menos imatura na minha vida, pude ver que, de fato, eu era quem decepcionava as pessoas. Numa busca nefasta da minha verdadeira personalidade, frustrei planos, acabei com sonhos e decepcionei pessoas.
Enfim, achei-me num quarto todo despedaçado, em meio estilhaços de vidro para todo canto... triste dizer, mas decepcionei a mim mesmo.
Para tanto, penso com cada vez mais seriedade em me matar. Se o fato se consumar, eu deixo-vos cientes de que meu grande desejo é que minhas obras aqui do blog junto com as do antigo Flog e outras muitas inéditas no meu PC (no seguinte endereço: c:\Documents and Settings\FABIO INRIK\Meus documentos\Biblioteca\Meus textos) fossem publicadas num livro que seria distribuido entre meus familiares e amigos mediante uma quantia não-estipulada.

A renda adquirida (se adquirida!) deveria ser vertida para a AACD, sucursal de Salvador.

Não levem a sério todas as idéias, acho que vou mudar algumas coisas, afinal, nem sei se em Salvador tem AACD.

E agora? Termino dizendo que é tudo uma brincadeira ou que estou realmente falando sério? Não sei. Faz diferença pra você?

terça-feira, fevereiro 20, 2007

POST INUTIL E FOTO


Fábio, meu querido, você tem um blog! Ah, sim. Claro. Bom dia a todos, vim aqui para dizer que resisti a tentação cananéia de cair no samba. Durante todo o feriado, fui para a cama no mais tardar as 00.30 com a pulsação entre 110 e 118. Quase tive um acidente vascular cerebral, mas consegui vencer. Hoje não falo nada, eles falam por mim: "Cansado de correr na direção contrária sem pódio de chegada ou beijo de namorada... Mas se você achar que eu estou derrotado, saiba que ainda estou rolando os dados... Eu não tenho data pra comemorar. Às vezes, os meus dias são de par em par procurando agulha no palheiro... O tempo não pára." (Cazuza)

domingo, fevereiro 18, 2007

Poema pra você (inédito)

Um Poema pra Você

Fiz um poema pra você.

Poma simplesinho, como eu.

Que trata de um sentimento lindo, como você.

Quero que o receba como quem recebe um abraço,

Depois de um dia cheio de barulho.

Esse poema é simples como meu abraço,

Silencioso como minha respiração encostada em teu corpo.

Quero que receba esse poema com um sorriso,

Desprenda a zanga do rosto,

Deixe a solidão em seu posto,

Receba minhas letras falhas,

Entre o aconchego dos teus braços largos.

Queria vê-lo chegar,

Receber-te com um ‘boa noite’ de beijo,

Contar as travessuras que meu dia pregara-me ,

Ouvir os travessões que pregaras na tua lousa.

Sei que não se importa comigo,

Mas não posso deitar fora o santo papel,

Cravei-lhe estas palavrinhas

Nascidas na fonte de um tímido

Carinho que lhe tenho.

Carinhozinho de menino.

Sou apenas um menino,

Que faz poemas pra você.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Amor de Mar (inédito)

Estou lendo o romance O Coronel e o Lobisomem, edição de 1974. Amo cheiro de livro velho – parece meu cheiro. Recomendo: o livro e o cheiro, exceto a mim.

Como estou tendo tempo e pessoas muito generosas me incentivando, estou investindo mais seriamente na minha ‘carreira’ de escritor e poeta. Aguardem novidades. Ou decepções.

Atenção vereadores de Caraguá! Tem carta do Poeta das Nuvens pra vcs na caixa postal da Câmara!

Esse é o primeiro poema que publico que tem todos os versos escritos aqui em Caraguatatuba. Obrigado pelo carinho das 1486 visitas. Prólogo de Flávio Venturini.

Vem que eu estou tão só...

Vem me trazer o Sol...

Vem me livrar do abandono...

Meu coração não tem dono...

Vem me aquecer nesse outono...

Deixe o Sol entrar.

Amor de Mar

Quem é você?

Quem é você que eu espero chegar

A cada onda que vem a areia beijar?

Quem é você que eu sinto passar

Em cada brisa leve que o mar

Trás de tão longe?

Quem é você que eu já vejo o sorriso

Em algumas estrelas

Que valsam pelo céu sobre o oceano?

Quem é você que eu busco

Nos olhares que passam por mim

Na caminhada pela orla e

Nas feições de quem imerge das águas

A cada subida da maré?

Quem é você que eu vejo

Num clarão no horizonte,

Que eu sinto estar no encontro de céu e mar,

Mas que se cala quando viro meus olhos

Sedentos da água de seus carinhos

E faminto do pão dos teus cuidados?

Não sei se viverei tempo o bastante

Para te ver aportar em meu cais.

Estou me enganando.

Finda esta maresia que vivo,

Ficará claro que eu procurava – em vão –

O mar na feição e imensidão de uma única pessoa.

Ou talvez, quem sabe, finda a maresia,

Abolido o mistério, chegarás à minha presença

Então vereis que tu – meu amor – és uma única pessoa

Com a feição e imensidão de todos os oceanos.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Onde estás?


Poema dedicado a um amor que ainda nao chegou.


Onde estás?

Já procurei nessa noite fria,

Já desembrulhei caixas vazias,
E nada...


Por onde andas?

Já folheie todas as folhas do velho livro,

Já reli todas as páginas da vida que vivo,

E nada...

Pra que lado foste?

Já tomei todas as poções mágicas,

Já revi todas as fotos estáticas,

E nada...


Por quais ruas caminha?

Já perguntei ao homem de longos cabelos brancos

Já tomei todos os bondes e seus solavancos,

E nada...


Por qual caminho foste?

Já inquiri às grandes aves de rapina,

Já sonhei tanto com seu sorriso de menina,

E nada...


Para qual país fugiste?

Já liguei para todas as fronteiras,

Já pedi desculpas por todas as minhas besteiras,

E nada...


Em qual sonho se escondeste?

Já dormi por mil e uma noites,

Da saudade levo socos e açoites,

E nada...


Sob a luz de qual estrela estás escondida?

Já escalei as cores da alvorada,

Já ascendi numa escada de pássaros em revoada.

E nada...


Por qual nuvem foste levada?

Já voei sobre a densa floresta,

Já esperei quase toda a festa,

E é somente esse poema o que me resta.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

fabro/fabio

Olha a ousadia: uma das minhas influências na literatura contemporânea é, disparado, Fabrício Carpinejar, Poeta Gaucho. Mesmo antes de conhecê-lo eu havia escrito um texto (Hino da Dependencia) muito parecido com o dele (O amigo que me espera no final da aula). Numa parceria sonhada por mim, juntei os dois textos e o resultado é maçante mas muito bonito (maçante por mim e bonito por Fabro).

O texto expressa os sentimentos que tenho a flor da pele, nesta uma semana de adaptação na nova casa. Tá dificil. Impossível, não. Difícil, só.


O AMIGO QUE ME ESPERA NO FINAL DA AULA II
Fabrício Carpinejar/Fábio Henrique

O amigo é aquele que tem todos os motivos para desistir de você e não desiste.
Você fez por merecer a separação. Exagerou. Afastou o abraço, gritou que ele não o compreende.
Mas o amigo entende até na incompreensão. Aguarda entender.
Eu preciso de um amigo que não me renuncie quando já desisti. Que me lembre de não desistir.
Que seja insistente como o esquecimento dos velhos.
Que desperte o meu humor no desespero, que se desespere com a ausência de notícias.
Um amigo que não numere as páginas do livro. Toda página pode ser a mesma.
Um amigo que sopre meu rosto perto de sua boca, como uma gaita de mão.
Um amigo capaz de esconder seu amor para proteger a amizade e de me aconselhar a seguir o que ele tinha vontade. Um amigo que desconheça minha infância para repeti-la, que conheça minhas dores para não tocá-las, que assobie minha alegria para alardeá-la. Que não me torture com os meus defeitos. Que me perdoe por não ser como ele. Aliás, que me agradeça por não ser igual a ele.
Um amigo que sofra com a injustiça, que chore com a dor, que se indigne com a falsidade e que não esmoreça com a dor da saudade.
Um amigo que não use meus segredos para ganhar outros amigos.
Um amigo que abra o vidro do carro para apanhar o resto do céu. Que cante alto no volante no momento em que ansiava pelo silêncio e me obrigue a dispensar a timidez para desafinar junto. Na estrada, o vento também canta de olhos fechados.
Um amigo que sinta a alma aquecida, o corpo leve e o espírito solto na minha presença.
Um amigo com cheiro de cortina. Isso: cheiro de cortina, com a experiência de enrolar várias e várias vezes o corpo na cortina. E que tenha recebido beijos dos pais com o tecido arregalado no rosto.
Quem se escondeu na cortina deu giros dentro de si e de seus problemas e aprendeu a regressar.
Um amigo que questione minhas frases, proteste meus poemas e sugira mudanças. Preciso de alguém que corra para me salvar da solidão; que bata-me à face para me acordar da melancolia.
Um amigo que supra minhas fraquezas sociais e emocionais. Alguém que entenda minha timidez xucra, minha tristeza repentina e meu riso nasal.
Um amigo que sonhe alto, que tenha a esperteza dos humanos e a lealdade dos animais; alguém que admita os erros, aceite os conselhos, duvide do ‘sim’, enfrente o ‘não’.
Um amigo com capacidade de resolver, dirimir e providenciar. Alguém que sorria mesmo não tendo nada e que chore mesmo tendo tudo.
Um amigo que seja a luz no fim do túnel, o porto seguro no fim de semana, o Sol no fim da madrugada e a lua no fim do entardecer. Preciso de alguém que saiba ler letras, olhares, sorrisos e silêncios.
Um amigo que sempre comece de novo após perder a terceira vida; alguém que acredite no impossível, conte com o possível e que dedique tempo às ilusões.
Um amigo que perca completamente o a faculdade do raciocínio e o decoro em jogos da Seleção, diante de pratos de Pizza e sob o jugo de uma garrafa de Coca-Cola. Um amigo que grite por mim e que, mesmo sendo arriscadíssimo e dificílimo, me aceite como eu sou.
O amigo do primeiro desejo, não do último.
O amigo que não me espera no recreio, o amigo que me espera no final da aula.
O amigo que é a haste do mar, que não fica de pé no barco, para não desequilibrá-lo.
Não quero um amigo que fuja na primeira ofensa, que se isole ofendido num canto, amarrado no orgulho, condicionado às palavras. Um amigo que não fale por mim, que fale através de mim.
Não quero um amigo que me ofenda porque não atendi suas expectativas.
Amigo não tem expectativa, tem esperança.
O amigo vai procurá-lo não sendo necessário. Vai aumentá-lo enquanto está diminuído e vai diminuí-lo para preveni-lo da ambição. O amigo é do contra ao seu lado.
O amigo dirá as verdades por respeito, não se eximirá de opinar, tudo com zelo e contenção. Não abandonará a corda da pandorga ainda que ela sirva de fio telefônico para chuva.
Tive amigos que se fecharam, desapareceram, que me trocaram por uma fofoca, que chegaram à porta e recuaram ao portão.
Esses amigos não foram amigos, se é amigo só depois da amizade. Depois de sofrer com a amizade.
O amigo é como um irmão, que se briga feio, se discute aos pontapés e palavrões e volta a se falar. Volta a se falar porque é irmão. O amigo sempre volta.
Pensando bem, não volta, nunca saiu do lugar. Ele é a rua que atravesso para chegar em casa.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Lições da Vida (inédito)

Tenho agora outro blog (se quiserem conferir, www.politicoedoido.blogspot.com), feito para falar exclusivamente de política. Ele será atualizado todo domingo. Às vezes eu penso se vale a pena ficar assim: gritando ao vento, gritando ao mar... Sem que ninguém ouça.

A razão diz que não.
Mas alguma coisa me diz que um dia eles ouvirão.

A crônica de hoje foi escrita em Cordisburgo, norte de Minas Gerais. Eram duas horas da manhã. Saudades da Chapada...

Lições da Vida

Aprendi que comida boa é a que está na mesa.

Aprendi que amigo leal é o que está do lado.

Aprendi que a ingratidão de outros é fato inevitável. Mas que a nossa ingratidão é escolha deplorável.

Aprendi que o amor nasce muito fácil. É planta de qualquer cantinho – às vezes, flor; outras, espinho.

Aprendi que a chuva é um modo de Deus falar com o sertanejo. E que a fé foi o jeito que o sertanejo achou para responder.

Aprendi que com o dinheiro eu posso comprar a felicidade, levar a tristeza de brinde e pagar com a solidão. E aprendi que na pobreza a gente compra a esperança, leva grátis o contentamento e se paga com muita alegria.

Aprendi que para meu coração errante se apaixonar é preciso apenas que esteja batendo.

Aprendi que meus erros é a parte prática daquelas lições que eu já havia aprendido, porém ignorado ignorantemente.

Aprendi que o primeiro degrau da prosperidade chama-se generosidade.

Aprendi que todos nós temos defeitos e qualidades e que esses são como grãos de areia na nossa personalidade. Ou nos tornamos barro ou fazemos desses grãos uma pérola.

Aprendi que para se viver um amor é preciso tempo. Afinal, nada vale ter um amor mas não ter tempo para vivê-lo. E, pensando bem, de que vale ter tempo se não houver um grande amor para se viver?

Morada da Felicidade (inédito)

Os versos de hoje foram escritos na cidade mineira de Três Corações, por volta das onze horas do dia 31/01/2007; e é dedicado à minha Tia Tânia (a vida deu-me um presente imerecido – nascer sobrinho dessa alma doce e única). Dedicado é diferente de inspirado.

Morada da Felicidade

Beije!

Se houver carinho, amor ou desejo...

Entregue seus lábios e receba outros no lugar.

Apaixone-se!

Ainda dá tempo.

Ainda tem gás.

Ainda tem fogo.

Ame!

Ainda dá pé.

Ainda vale a pena.

Ainda faz bem.

Roube o sonho de uma criança – ela tem muito!

Realize-o para ti,

Com vigor,

Com fulgor.

Roube o problema de um idoso – ele tem muito!

Resolva-o e devolva a solução, com laços e fita.

Cante!

Mesmo que só no chuveiro.

Mesmo que não saiba a letra.

Entre (ou não!) no ritmo

E destrinche seu lá-lá-lá...

Pule!

Corda

Amarelinha

Cerca.

Busque a felicidade

E descubra que esta

Não está nos seus beijos,

Nem nos seus pulos,

Nem nas suas canções,

Nem nos seus sonhos,

Nem nas suas realizações,

Nem no amor

E muito menos na paixão.

Levanta desse chão!

A felicidade já está aí,

Escondidinha no seu coração.

Amor sem Paradeiro (inédito)

Dito e Feito. Desisti de Design de Interiores e estou fazendo Curso Técnico em Farmácia. Muitas saudades dos amigos na Chapada. Saudade é coisa de Sertanejo, doença de retirante; mal de quem ama muito.

Poema abaixo foi escrito dia 31 de janeiro, às cinco da manhã, em Belo Horizonte. Faz parte do meu diário de bordo.

***Amor Sem Paradeiro***

Como eu não fazia idéia de onde poderia estar,

De que caminhos tu irias traçar,

De que ruas tu irias atravessar...

Resolvi que beijos por toda parte eu iria espalhar,

Para, quem sabe, ter a sorte de pelo menos um te acertar.

Como eu não sabia se iria de novo lhe ver,

Ou quando meus braços iriam novamente lhe envolver,

Ou quando sua respiração, com um beijo eu iria reter,

E quanto mais, de saudade, eu iria padecer...

Resolvi sua pessoa esquecer.

E até hoje sou assim: teimo de lembranças viver.

Como eu não esperava ver você partir,

E como eu tinha desejos de ver sua viagem falir,

Para um pouco mais de a tua presença curtir,

Para só um pouquinho sua calma usufruir,

Assustei quando me vi ali,

Sem ter para onde fugir,

Da saudade do nosso amor e de saudade de ti.

Todavia, é tudo culpa do amor,

Na ausência, todo o sentimento vira dor,

Toda a vivacidade da vida fica sem cor,

Não sei mais quem sou,

Se eu era o amado ou se sou quem amou.

Com a leveza e celeridade de um beija-flor,

Essa paixão estava aqui, mas agora voou,

E, pendurados nas suas asas, todos os meus sonhos levou.

domingo, fevereiro 04, 2007

NOTICIAS DE ALEM MAR


Nossa! Vim aqui tirar a poeira do meu blog.

A minha viagem foi mais ou menos tranquila. A passagem pelo Tiete foi a parte mais dificil. Escrevi algumas poesias no caminho e vou postá-las aqui ainda essa semana.

A foto foi tirada em algum lugar do mundo grande de terra e água, alguma hora do dia de luz e escuridão, com alguma idéia na cabeça de doido e médico e com vários sentimentos no coração de saudade e esperança.

Dia Célebre
Amanhã, 05/02, é um célebre dia para este pequeno senhor. Entro para a Universidade. Já? Sim, deveria estar radiante, mas não estou. Estou matriculado no Curso de Design de Interiores da Unimódulo (Anglo); mas não consigo por fé nessa profissão. É o que eu gosto, é o que me dá prazer... mas e dinheiro? Tenho medo de ser muito dificil conseguir 'viver' de decoração privada, comercial e corporativa. Mas enfim, cadernos comprados e canetas em punho... to indo pra Faculdade amanhã. É quase certo que eu desista do curso ainda essa semana; mantenho-os informados.


Poeta? Quem? Como?
Tenho um caderno de poesias - presente de um amigo inesquecível -, que eu gosto muito. Pela segunda vez, ontem fui à beira do mar com ele para ver se conseguia escrever alguma coisa. Funesta tentativa! Fico lá, olhando para a beleza do mar com a Ilha Bela lá no fundo... fecho os olhos e fico ouvindo a melodia hipnotizante das ondas quebrando próximo aos meus pés...
Ontem, exatamente uma e meia da manhã, fechei o caderno, tirei a caneta da boca e fui para casa, sem perceber que tinha passado tanto tempo.

Novos Amigos

Fazer amigos é a parte mais difícil da vida. Não posso optar por não tê-los. São essenciais para o meu progresso social e até emocional. Mas, como é difícil!

Aqui em Caraguá, as pessoas são muito receptivas, chegam junto para criarem um vínculo comigo. No entanto, não sou recíproco com esses. Não é porque não quero! Longe disso! Talvez eu esteja secretamente a implorar vossa amizade. É, todavia, uma autodefesa constante e impenetrável.

Calado, as vezes sem sorrisos, sem opinar no assunto em pauta... De repente, o silêncio. “Agora, Fábio, fala alguma coisa!... Isso! Pense em algo interessante, engraçado... Fale!”

- Eu gosto de aventuras assim, digo.

Quê! “Eu gosto de aventuras assim”?! Que frase mais idiota e vazia, Fábio! Logo tu! Tu que julgas ser o Poeta das Nuvens, a ponto de despertar a piedade das pessoas!? Tu que assinas a Super Interessante desde dezoito anos!? Tu que abrirás outro blog – este para tratar de política e questões sociais da República!? Fã de Machado e Drummond?! Vem me soltar uma balhufa dessas na roda?

Desculpe-me, consciência, se puder. É que não tinha o que falar! Vi a necessidade de falar e não tinha o que... soltei qualquer coisa mesmo.

As vezes, arrumando-me para ir a uma chag na sinagoga, coloco minhas lentes de contato, capricho no visual e perfume, ergo bem o nariz (vasto nariz) e sigo triunfante em direção aos judeus de minha idade para que, quem sabe, alguma alma não se ligue a minha – como no caso do nosso Rei Sha·lóhmon e Yoh·na·thán.

Tudo em vão. Se chego para fazer amizade com as judias elas logo pensam que eu quero algo mais - a maioria se fecha, e algumas aceitam e topam o ‘algo mais’, e é nessa hora que o Poeta cai fora.


Em geral, os judeus são fechados em pequenos grupos, tal qual os elefantes - sem ofensa a eles (?!). Não precisam das minhas opiniões, da minha presença. Eles se completam (agora falo dos judeus e não dos elefantes); tem amigos de longa data. Procuro nas chags algum que seja sozinho, um batman sem o fiel escudeiro... este sim aceitaria minha amizade. Agora os outros... não querem, completam-se um ao outro. Memos assim, por estar na Torá, eles demonstram todo respeito e carinho ao residente forasteiro. Não reclamo disso. Não posso.

Aliás, não reclamo de nada. A condição de estar vivo perto de quem amamos deve inibir toda e qualquer forma de maldição às condições extra-corpóreas.

Ah, sim... claro vim aqui só pra avisar: mais poesias e mais notícias em breve.