sábado, fevereiro 24, 2007

As estrelas morrem

Se alguém gostar desse poema, prometa-me mudar seus conceitos. Achei-o fraturado, foi um dos poucos que sobraram dos quais escrevi para Aline.

Todas as esquisitices das pessoas que vivem na solidão pareciam tomar conta do seu espírito. A todo o momento uma saudade revive em nosso coração para torturá-lo. Guy de Maupassant

O amor é sempre belo, mas só é grande quando sofre, perdoa ou tem saudades. Luiz Depret



ESTRELA DA MANHÃ

As estrelas morrem.
Você morreu.
Não morreu para o mundo.
Nem morreu para mim.
Morreu para nós.

Sumiu!
Tão breve quanto chegou.
Sumiu no caminho,
Não ficaste lá trás.
Avançaste demais.

Não consegui te acompanhar,
Você me perdoaria por isso?
Por não ter o ouro que querias?
Por não ser tão famoso como gostarias?
Por não encontrar as chaves de que precisavas?
Perdoaria?

Não lhe peço o perdão.
Peço que reconsidere;
Que pense;
Que pare;
Que sinta;
Que volte.

Minhas manhãs são muito longas.
Minhas tardes são muito vazias.
Minhas noites são escuras,
sem estrelas
E sem luar.

Não consigo suportar essas sombras.
Apalpo pelas vielas;
Tropeço nos meios-fios;
Caio sobre a saudade;
Levanto na tristeza.

Preciso da sua luz;
A luz que emana do seu olhar exultante;
A luz que brota de suas palavras confusas;
A luz que mina de sua alma menina.

Luz. Não tenho luz.
As pessoas me dizem isso todos os dias,
Com olhares,
Com sorrisos,
com feições controladas,
Com um desprezo inconsciente.

Falta-me essa luz que eu refletia de você.
Falta-me essa voz que saía de sua boca.
Falta-me esse olhar que dizia que me amava,
Sem palavras,
Apenas com um silêncio,
Dois olhares
E um sorriso.


Falta-me sua alegria.
Falta-me seu perfume por essa casa.
Falta-me sua mão segurando a minha...
A minha alma;
A minha felicidade;
As minhas loucuras.

Olhos os caminhos.
São tão diversos.
Olho os carros.
São tão velozes.
Olho os aviões.
Estão tão altos.
Não estás em nenhum deles.

Estás nos sonhos.
De tantos e nos meus.
Devagar, os meus sonhos são tomados
Pela sua arrebatadora presença;
Pela sua risada ruidosa;
Pela saudade de você
E pelas nossas conversas,
E pelas nossas dúvidas.

Sinto o aroma que sua pele exalava.
Sinto a leveza dos passos que imprimias na calçada.
Sinto o tumulto de seu carro chegando.
Mas é somente um devaneio.

Mas sei que voltarás.
Num dia em que tudo estiver estranho,
Num dia em que tudo conspirar a favor,
Nesse dia voltarás.
Você e suas doenças,
E suas opiniões,
E suas apostas.

No entanto, terás mudado.
Estará sem a sua simpatia,
Sem seu perfume,
Sem sua puerilidade,
E sem me amar.

Contudo, não há problemas.
A partir desse dia memorável,
Novamente, contemplarei sua presença
Sem nunca lhe direi que a amo –
Sempre foi assim –
Nunca ouvirei que me amas –
Sempre será assim.

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