segunda-feira, janeiro 29, 2007

DESPEDIDA (rápida para não chorar)

Perco as palavras,
quando lembro das amizades que fiz aqui.
Perco as palavras,
Encontro sonhos e
Alegria.

Perdi o dia
Pensando em vocês e o quanto são especiais.
Perdi o dia.
E ganhei uma vida.

Vocês são minhas nuvens.



sábado, janeiro 27, 2007

Pedido do Poeta


A Luchot HaBrit (tábuas da lei) resume-se no amor (caridade (agape)). Apesar de toda a importância desse sentimento para nosso povo (ou das ações que ele envolve), ele continua lá, pregado na tábua e longe do nosso dia-a-dia. Em todo caso, tá ae um lembrete.


Persisti em buscar zelosamente os maiores dons. Contudo, ainda vos mostro um caminho que ultrapassa [isso].

Se eu falar em línguas de homens e de anjos, mas não tiver amor, tenho-me tornado um [pedaço de] latão que ressoa ou um címbalo que retine. E se eu tiver o dom de profetizar e estiver familiarizado com todos os segredos sagrados e com todo o conhecimento, e se eu tiver toda a fé, de modo a transplantar montanhas, mas não tiver amor, nada sou. E se eu der todos os meus bens para alimentar os outros, e se eu entregar o meu corpo, para jactar-me, mas não tiver amor, de nada me aproveita.

O amor é longânime e benigno. O amor não é ciumento, não se gaba, não se enfuna, não se comporta indecentemente, não procura os seus próprios interesses, não fica encolerizado. Não leva em conta o dano. Não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. Suporta todas as coisas, acredita todas as coisas, espera todas as coisas, persevera em todas as coisas.

O amor nunca falha. Mas, quer haja [dons de] profetizar, serão eliminados; quer haja línguas, cessarão; quer haja conhecimento, será eliminado. Pois temos conhecimento parcial e profetizamos parcialmente; mas, quando chegar o que é completo, será eliminado o que é parcial. Quando eu era pequenino, costumava falar como pequenino, pensar como pequenino, raciocinar como pequenino; mas agora que me tornei homem, eliminei as [características] de pequenino. Pois, atualmente vemos em contorno indefinido por meio dum espelho de metal, mas então será face a face. Atualmente eu sei em parte, mas então saberei exatamente, assim como também sou conhecido exatamente.

Agora, porém, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

FLORA FIGUEIREDO






Na dúvida, faça.
O risco faz parte.
A graça está em tentar,
em vez de sentar e assistir;
o mundo está em esticar-se todo para atingir;
o mundo está no desafio da interrogação.
E porque não? Entre na festa,
arranque a capa, morda a maçã.
Desate o cinto para voar livre pelo amanhã,
ainda que ele seja um labirinto.
Nesta arte viva de arriscar, cônscio e devoto.
Pois que viver não é entrar no mar onde dá pé,
mas mergulhar com fé no maremoto.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Carta de Despedida (inédito)





Voltei! Por hoje, trechos de uma carta. Até mais.


**O amor também é separação**
(Fábio Henrique)

Não é só beijos, abraços, sussurros e olhares apaixonados. Amar também é se separar.

As lágrimas brotam no canto dos olhos ao ouvir a música, ao lembrar das tardes de chuva juntos e ao sentir aquele cheiro do ser amado
surgir numa esquina qualquer.

E a vida se torna cinza, o Sol nasce preguiçoso no leste e se põe emburrado no oeste. E a lua brilha sobre nós como uma mãe querendo consolar, enxugar as lágrimas do filho amado, do filho amante.

E o tempo não passa leve... passa roçando nos nossos corações, machucando nossas ilusões, arrancando pedaços dos nossos sonhos. O amor também é separação.

Na separação é preciso um novo planejamento, uma reestruturação das horas vagas, uma reorganização dos feriados, um novo projeto para as palavras de amor e gestos de mimo e nino. O amor também é separação.

Os desejos saem do corpo sem rumo certo e os suspiros de amor são exalados sem norte. O amor só se prova amor na dor da separação. Dias escuros. Noites claras. Separação. Amor também é separação.

Iremos mesmo nos separar. Não nos veremos mais. A distância dará o primeiro golpe e o tempo desferirá o ferimento final. A dor encheu meu dia e recheou meu sonho.

Pensei em planos malignos para a despedida. Sei que me ama - eu te amo também - e por isso tentei encontrar na brisa leve e fresca desta
madrugada uma solução que não lhe traga sofrimento.

Queria te decepcionar, ferir-te com alguma palavra para que todo esse amor que desabrocha de seus olhos se transformasse num ódio mortal e imortal e me esquecesse de vez.

Poderia mentir também. Dizer que ficaria ao seu lado para sempre e, de um dia para o outro, sumir, desaparecer sem deixar vestígios. Mas acho que isso te faria sofrer mais uma vez. Não sei o que faço. Levar-te, eu queria, mas sabes que não posso. Eles não te querem lá. "A idade média é aqui".

Já estamos bem grandinhos pra saber que não é fácil lidar com a dor e a tristeza que inundarão nossos corações. Como faremos para nos encontrar?
Como poderemos satisfazer essa dependência emocional e intelectual que temos um do outro?

Não são os muitos quilos de ouro que embelezam o mundo... não são os muitos quilômetros de praia que enfeitam esse país... Não, não são. O seu riso e o seu sorriso são as jóias mais raras que o planeta pôde produzir. Não importa onde, não ficarei feliz num mundo feio e sem cor. Preciso sempre me certificar da sua felicidade para ter paz e alegria.

Então, combinemos assim:
Nos dias de chuva, permitirei que fique triste por um instante. Porém, naquelas manhãs que o Sol brilhar profundamente, naqueles dias em que for difícil olhar para o céu sem se emocionar com o azul intenso que parece nos envolver e abraçar... nestes dias quero que se sinta, na ponta dos dedos, o meu corpo; na frente dos seus lábios, os meus; na palma da mão, as minhas mãos circundando as suas; quero que sintas, num cantinho do coração, todo o meu ser comprimido entre as outras ocupações e paixões que o tempo trará ao seu íntimo.

Olhando para o céu, estrelado ou azul claro, lembrarei de você, prometo que sim. Quando ver as nuvens brincando no céu, lembre-se, por favor, de mim e dos minutos raros que estive ao seu lado. As nuvens. O céu. Eu. Você. Exímia união.

Quem de nós poderíamos saber - se quer imaginar - que viveríamos um amor como esse? Como eu iria saber que esse amor iria acontecer?
"E quem sou eu para querer entender o amor?" Seu coração é livre. Poderá voar por outros céus. Poderá navegar por outros oceanos.

Para você, eu serei apenas um verão inesquecível
que passou com pressa, que, "apesar de findo, ainda será lindo"; que apesar de sem sorte, ainda será forte; que, apesar da mediocridade de quem o fez suprimido, teve a colossal grandeza de ter acontecido.

Não lhe quero infeliz, pelos cantos da vida, choramingando algo que não vingou. Quero-lhe feliz e sorridente, espalhando sua graça pelos
becos desta cidade. Sei que pode não ser fácil; sofrerás tanto quanto eu, um pouco menos. Mesmo assim, a amargura só nos afastará um do outro, enquanto seu riso atrairá minha presença para bem pertinho de você.

Ao seu lado, orgulhoso e cheio de mim, aprendi que o amor é um sentimento volúvel. Lembra que eu te disse que não queria me apaixonar por você? Pois é, hoje eu te amo. Lembra que eu te disse que no meu conceito o amor fraternal seria sempre incondicional? Pois é, não foi bem assim. A solidão invade meu peito. Parece que o mundo cresceu e meu coração diminuiu.

Apesar de todo o espaço que o mundo tem agora, meu
coração é minúsculo, está espremido em uma das frações que sobraram da sua partida.

Antes de partir, porém, peço-lhe desculpas por ter retrocedido algumas vezes na nossa história e não ter deixado-a correr livremente pelo
tempo. Perdoe-me, se quiser e puder, os pontos finais que insisti em cravejar no nosso amor. Acho que já foram três! Três pontos. ... Não são mais pontos finais; virou reticências, algo que não acabou. Algo que, após três pontos finais, é tão forte que fica marcado para continuar... continuar nestes dias que ainda estaremos juntos e, depois, nos nossos corações, sonhos e mentes.

Vai ser difícil viver sem você. Mas fica combinado assim: nos encontraremos na alegria, nos dias de Sol intenso, "no avesso de uma dor", no céu e nas nuvens.

Eu te amo


Assim mesmo, como está, sem ponto final.
Eu te amo sem aspas.

Eu te amo com reticências.
E ninguém pode me privar do prazer que é ser apaixonado por você.


EU TE AMO...

sábado, janeiro 20, 2007

Fernando Pessoa

É difícil escrever o que sinto (sem plagiar ninguém), num planeta em que já viveu Fernando Pessoa.

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,

Que já têm a forma do nosso corpo,
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos

mesmos lugares,
É o tempo da travessia,.
E se não ousarmos fazê-la,
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos...


Orkut

Pra me achar no orkut é fácil, eu mostro a cara.
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=2811274281820576648


Sou o owner de uma comunidade que só tem um membro, a saber, eu mesmo. Já tentei sair dela, não consigo. Como faz?
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=24211515


Ah, vou aproveitar para falar sobre o trocadilho que fazem com o nome do meu site. Sim... poeta das nuvens... tudo junto, fica meio estranho mesmo. Não vou mudar... confio em vcs.

Acho que acabei de fazer uma postagem idiota...

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Tunel do Tempo (video)

Demora pra carregar, mas vale muito a pena.

Há dias em que nada faz sentido...
E os sinais que me ligam ao mundo, se desligam.

Dedicado aos amigos de Caetité/Igaporã/Caculé/Guanambi... - BA.

Os leais sempre se encontram

Amo vcs.


quinta-feira, janeiro 18, 2007

Desconsidere, de novo


Estava meio desedificante hoje. Amanhã espero estar melhor, faz tempo que não escrevo humor, não é?! Promessa pro fim de semana. Até mais.

DEUS

"Deus costuma usar a solidão
para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva,
para que possamos compreender
o infinito valor da paz.

Outras vezes usa o tédio,

quando quer nos mostrar a importância da
aventura e do abandono.

Deus costuma usar o silêncio para nos
ensinar sobre a responsabilidade
do que dizemos.

Às vezes usa o cansaço,
para que possamos compreender
o valor do despertar.

Outras vezes usa doença,
quando quer nos mostrar
a importância da saúde.

Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinarsobre água.

Às vezes, usa a terra,
para que possamos compreender o valor do ar.

(Fernando Pessoa (eu acho))

Aflições do Poeta (por favor, desconsidere-me)


A saudade faz meu mundo ficar triste

Eu moro em Caraguatité - BP.

E os segundos são minutos...
E os minutos são horas...
E as horas são dias...

E eu...
poeta louco paulista...
poeta com recheio baiano...
poeta com cobertura caiçara...
Poeta das nuvens.


Rimas, de ventos e velas vida que vem e que vai
A solidão que fica e entra
Me arremessando contra o cais

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Sem soltar as mãos (inédito)












Ah, Se eu não me cuidasse!
Se eu não me cuidasse...
Já teria segurado bem firme a sua mão, na última vez que nos vimos, e levantado vôo - carregando-lhe junto comigo; deitaríamos numa nuvens e observaríamos a mediocridade hilária dos seres aqui embaixo... sem soltar as mãos.

Se eu não me cuidasse já teria assaltado um Banco para te levar pra morar de frente o Central Park; para caminharmos lá todos os dias... sem soltar as mãos.

Se eu não me cuidasse já teria te sequestrado na rua e levado até uma casinha no meio do nada, para não ter distração e pensar o dia inteiro na sorte de te ter junto de mim... sem soltar as mãos.

Se eu não me cuidasse já teria pegado um táxi lunar e te levado para ver, lá de cima, a Terra - essa imensa gota azul na escuridão e imensidão do universo. E ali, sentados sob um banco de areia cósmica da Lua eu lhe olharia no fundo dos olhos e diria que sou completamente apaixonado por você... sem soltar as mãos.

Mas isso só se eu não me cuidasse...
Eu me cuido e você está salvo...
sem nuvens,
sem Lua,
sem Central Park,
sem sequestros..
Você, salvo.
Eu, condenado...
Sem soltar as mãos.

(Fábio Henrique)


Ontem (às 10:16pm) pensei em ti... E como dói!
Como dói pensar naquilo que somos,
e mais ainda no que nunca chegamos a ser...
(
Cláudio Cruz)



Filtro Solar

terça-feira, janeiro 16, 2007

ALINE e a postagem suprimida


Ei-la! Apresento-vos Aline. Espero não ser processado.

Tu, leitora insensível, talvez tenhas rido ou repelido minha atitude infantil de escrever um texto para a Aline – com o agravo de colocar sua foto neste post – depois de tanto tempo idos.

Concordo ter sido infantil. Porém, há de compreender que assim, na situação que estou (há 1700 quilômetros da família; há alguns passos de despedir-me de leais e bons amigos feitos em terras baianas) achar uma foto do primeiro amor é grande feito.

Achei-a por acaso, procurava outra coisa, que obviamente não me lembro o que era. Não direi que ainda a amo. Porém, havemos de convir que alguns sentimentos são incoercíveis. Também me recuso dizer que esse amor frustrado causa-me rancor ou consternação.

Não sei por que insisto nessas explicações! Estou quase desistindo dessa postagem!

Lembra da história da faxina? Até mesmo tu, leitor indiscreto, ao arrumar certa gaveta, não encontras papéis velhos, porém meritórios ou até dinheiro que julgava perdido? Ficas triste? Aposto dois picolés de limão que não!

Pela mesma via, na minha atual limpeza do espírito choquei-me com a imagem inextinguível da loura. E, além disso... Não! Basta! Desisto da postagem!

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Fábio, Um homem casado (inédito)


Meus amados leitores, creio eu que a Senhora Vida ofereceu-me apenas uma chance de ser feliz se esposado. Casar-me já fez parte dos planos. Narro-os nesta noite. São engraçados. Cômicos. Trágicos. Fagulhas de uma chama apagada. Lascas de um coração partido, encontradas na melancolia metódica da chuva que caiu na tarde desse sábado. Pedacinhos de um sonho com os prazos de validade já vencidos que sempre escapam às faxinas que as circunstâncias me obrigam a fazer no peito e que sempre aumentam em volume, grandeza ou extensão nos dias de solidão larvada. Paro por aqui, antes que o prólogo se torne mais extenso que a própria crônica. Julguem por vós mesmos, meu somniu innatus. Concluo o prólogo então, com a certeza que a Vida é senhora generosa e pródiga, enquanto o Tempo é senhor grave e avaro.
Em todo casamento que eu ia, no momento da noiva entrar no recinto, eu costumava substituir seu rosto e jeitos pelos graciosos jeitos e celestial rosto da Aline. Meu sonho de vida, minha idéia fixa para o milênio era desposá-la. Moraríamos num sítio bem perto da cidade; teríamos um carro ou uma moto... Uma moto está bom; trabalharíamos bastante, ela como profissional da odontologia – posto que linda – e eu professor de inglês para alunos carentes – de dinheiro, cultura e arte.
Nas segundas-feiras, despertaríamos para a semana entrante, sôfregos e serenos. Tomaríamos um café da manhã com queijo, presunto e pão fresco preparado pela secretária do nosso lar, com um apelido qualquer. Quase sempre atrasados, sairíamos correndo na moto... Não! Moto não dá! Tem que ser carro. Chove-se muito no inverno, além dos perigos que vertem do guidão de uma motocicleta. Decido-me pelo carro. Onde eu estava? Ah, claro, atrasados. Quase sempre atrasados, sairíamos no nosso carro para Colina. Cinco ou dez minutos e já estaríamos lá. Eu deixaria a loira em sua clínica. Na saída do carro, Aline dar-me-ia um beijo simples, porém longo. Arrumaria suas tralhas, colocaria os dedos longos e finos na maçaneta do carro e antes de sair, mais um beijo.
- Eu te amo, diria e seguiria para o templo educacional que eu lecionaria a língua capitalista a pequenos comunistas.
Às onze horas e trinta minutos, livre dos diabretes, eu, the English Teacher, daria partida no carro para novamente encontrar-me com a mu
sa-mor das minhas poesias. Mais um beijo, esse de ‘olá’ e narrando fatos corriqueiros da má higiene bucal ou de natureza financeira – devida a alta inadimplência entre seus clientes e pacientes, Aline gesticularia e falaria aos meus atentos ouvidos.
Já eu exporia minuciosamente as lições passadas, as provas corrigidas, as surpreendentes questões propostas por meus aluninhos e assim: rindo, falando e entreolhando-se, em silêncio, passaríamos as duas horas reservadas ao almoço manso e a sesta – esta última abraçados, assistindo as notícias comerciais, publicitárias e cotidianas do mundo que existiria fora do nosso sítio.
Hora de voltar ao trabalho! Outra vez atrasados... Outra vez um beijo simples e demorado... Ajuntar tralhas... Mais um unir de lábios... Mais uma vez, pequeno diabos para lhes incutir a soberania norte-americana...
Naqueles momentos em que o dia, todo tímido, vai saindo por um dos cantos do céu, sabe-se lá que horas são essas?! Talvez seis, seis e trinta... Que seja! Nessa hora, eu rebuscaria a loura em seu consultório – ainda que pequeno, ainda que necessitando de alguma reforma e novos equipamentos, mas seu; arriscaria até iludir-me como sendo nosso.
- Vamos embora? Sugeriria eu.
- Sim, responderia Aline com um sorriso, o mesmo sorriso de sempre,
aquele de quando éramos pequenos, aquele que ora tirava meu sono, ora afagava-me no leito noturno. Sorriso capaz de envergonhar a cosmosfera em noite na roça, sorriso capaz de me fazer reapaixonar-me a cada ligeira contração dos músculos faciais.
Ao caminho da nossa casa no mato, ouviríamos uma música romântica e bem piegas, cantaríamos juntos, olhando-nos e rindo da inefável bem-aventurança de ter encontrado um ao outro.
Após o banho (afinal, se casado com ela eu finalmente emendaria e tomaria banho todos os dias) e após a janta, nada de jantarão, algo simples, preparado por e para nós mesmos, ali, sentados na cumprida mesa de madeira, com a luz falha da cozinha caipira, ouvindo os horripilantes coaxos e outros sons vindos de fora...
corujas, grilos, enfim, sons de todas essas crias da noite... comentaríamos um ou outro caso relevante da vida de nossos amigos ou agregados.
Quando se visse, eis que já são dez e tanto. Os seus olhos verdes – sempre tão vivos e ágeis – já apresentariam sinais de letargia. Num pijama bem recatado, rosa e branco, Aline seguiria para nosso quarto e, depois de asseados os lençóis e os edredons, depois de abalofados os travesseiros recheados de plumas... ela deitaria-se de sua costumeira maneira pueril e eu, igualmente modesto nos trajes noctívagos, estiraria meu corpo ao lado do dela e adormeceria à leve sinfonia advinda da sua respiração – não direi roncaria por ser injustiça e por ser educado.
E então, tudo, tudo e tudo o que já tivera vivido de ruim... tudo o que eu já tivera visto de mal... tudo o que já tivera falado em erro... todos os que já tivessem me contristado... todos os que já tivessem tido o prazer de me ver à mingua... tudo... todos... Ficariam lá, do lado de fora do sítio, do lado de fora do nosso mundo, além dos portões do nosso reino, onde eu (vaidoso ser), de poeta seria promovido a Rei; onde Aline (humilde alma), de deusa render-se-ia à discrição de ser apenas a minha etérea Rainha.


sábado, janeiro 13, 2007

Family (inédito)


Ai, fazem cinco dias que não vejo minha mãe. Cinco meses que não vejo meu pai. Quinze meses que não vejo minha irmã.

Rute, Luiz e Paula, dedico o poeminha de hoje pra vocês.






Sou ébrio, vós sois meu vinho.
Sou roto, vós sois minha alfaiataria.
Sou trapos de uma lata velha, vós sois minha casa de peças.
Sou corpo cansado, vós sois meus lençóis frescos e travesseiro de alfazema.
Sou faminto, sois minha mesa farta.
Sou doente, sois meu elixir, a fórmula mágica e instantanea da cura.
Sou capitalista, sois minhas moedas de ouro.
Sou míope, talvez cego, sois minhas lentes, a luz na escuridão.
Sou coxo de nascimento, sois meu auxílio.
Sou patriota, vós sois minha bandeira.
Sou poeta, vós sois minha inspiração.
Sou retirante, sois minha capital.
Sou ourives, sois meus diamantes.
Sinto-me o mais feliz do mundo e vós sois a razão.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Poema Funk (inedito)

E ae, gente! Pois eh, sentei aqui no Pc pra escrever um poema sobre a lua e acabou saindo esse refrão de funk carioca. rsrsr To com medo da Tati quebra barraco musicar meus versos. Fico horrivel. Odiei. Sem pé nem cabeça. Maldita idéia fixa de querer rimar!Beijo pra vcs.

Adiantei um dia, 27/01, to indo pra casa.


****Poema Funk****

Não sou daqueles que refuga diante do castigo.
Assumo o erro e a culpa fugaz.
Não imploro seu atenção ou você aqui comigo.
Não preciso de caridade; preciso e quero mais.


Não sou daqueles que é preciso mostrar o canto da parede.
Caminho para ele sem que precise me mostrar o caminho.
Sei quando minha impertinencia excede.
Então, deixo-lhe só e sigo sozinho.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Poema do rosto anônimo (inédito)


Minha mãe já sã e salva.


Àquele rosto que desconheço,
que ao passar por mim nesta noite,
deixou repousar seus olhos nos meus...
Dedico esse poema profundo e rápido como um açoite.

Àqueles lábios que narravam qualquer conto,
que ao passar por mim ainda há pouco,
deixou-me a desejar aos meus juntá-los...
Dedico este poema escrito assimétrico e louco.


Àquele ser que desconheço,
que ao passar por mim num dia azul de verão,
deixou-me buscando e pedindo um minuto ao teu lado,
Para fitar um pouco mais seus olhos,
Para beijar um pouco mais seus lábios,
Para aquecer, no calor da estação,
esse frio e solitário pedaço de coração
.

Despedida

Na tarde de ontem, reiniciou-se o desmantelo. 'Maínha' embarcou para SP.
Se tudo correr bem, ainda hoje estará lá. Eu fico mais um pouco.
Mas já vou adiantando.

Despedida

Se tiver que ir,vai.
O que fica pra trás,
não sendo mentira,
não racha,
nem rompe,
não cai.
Ninguém tira.

Já que vai,
segue se depurando pelo trajeto,
para desembarcar passado a limpo,
sem máscaras,
sem nada,
sem nenhum desafeto.

Quando chegar,
sobe ao ponto mais alto do lugar,
onde a encosta do mundo
faz a curva mais pendente.
E então acena.
De onde eu estiver, quero enxergar
esse momento em que você vai constatar
que a vida vale grandemente a pena.

[Flora Figueiredo]

domingo, janeiro 07, 2007

SHALON

Lindo dia ansiosos esperamos

Que a emoção nos vem contagiar

Eu quero ver o mundo em harmonia

Que haja alegria e reine a paz

sábado, janeiro 06, 2007


Odeio limpeza. Ops! Desculpem-me, vou consertar: Odeio limpar. Sabe gente que tem mania de limpeza? Pois é, eu tenho mania de 'deslimpeza'. Estar num local limpo é bom, gostoso e satisfatório. No entanto, todo aquele caos vindos da limpeza trazem-me ímpetos de insanidade (mais!).

De quando eu pequeno e ocioso, minha mãe fazia as faxinas semanais na nossa casa todas as sextas-feiras. No período matutino, a valência era a escola (pasmem). Porém, era no vespertino que a casa ficava pequena demais para minha alma, os baldes, os panos, as vassoras começavam sua sinfonia diabólica e estressante. "Levanta os pés, menino!" - berravam aos meus tímpanos."Não pisa aí! Espera secar!".
E toda nossa casa ia, pouco a pouco, revestindo-se de uma capa alva e perfumada de limpeza. Ah! Como era bom!
Estar sujo não é tão ruim. Meu recorde está em, durante toda uma semana, tomar dois banhos: o primeiro na quinta-feira e o segundo e último no domingo. É ruim! A cabeça coça (sobretudo na nuca). Não por ser sujismundo, cascão ou porco. Não! Foi preguiça mesmo.
Prefiro aperfeiçoar a minha limpeza do espírito. Limpar-me de inveja, ódio, mesquinhez e usura. É mais do que um banhozinho. É muito mais que passar pano no chão.

Estou nessa transição. Lembra daquele caos que fica na hora da limpeza. Cadeiras com as pernas para o ar... Geladeira vazia e todas as coisas sobre a mesa... Na minha atual limpeza da alma, estou nesse estado: completo caos. Todavia, apenas mais um pouco e tudo voltará ao seu lugar ou tomarão nova decoração; de qualquer forma, limpa e ordeira.
Ah! Passagens compradas e tudo. Dia 28 de janeiro, encerro minha carreira como caetiteense. Vou ser sucinto para não chorar. Amo vocês, ok?

sexta-feira, janeiro 05, 2007

New Place


Foto de Caraguatatuba - SP.
Já to com o coração adoecido


Sou errado, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando enquanto o tempo me deixar
Vou errando enquanto o tempo me deixar passar.

terça-feira, janeiro 02, 2007

JORNAL DO LOUCO



Como estão de 2007? Gente, as visitas cairam muito nesses feriados. To preocupado. Montei entao, para hoje, um ensaio livre. Funciona assim: começo a escrever tudo o que me vem na mente e coloco no flog logo para não mudar de idéia depois. É polêmico e dá ibope. Por favor, não saiam espalhando por aí! Ética na Web.

FÁBIO FURACÃO
Eu já nasci com juízo. Talvez ria e estranhe minha declaração, mas a realidade, às vezes, é assim: meio cômica. Porém, estranhará mais - e parará de rir - quando eu afirmar que meu juízo foi se desvencilhando nas pedras que encontrei no meu caminho em 2006.

Em vez de adquirir juízo com o passar dos anos, aconteceu em meu caso que fui perdendo-o na velocidade dos ponteiros.

Entrei no milésimo sexto ano domini completamente ajuizado. Ao quinto dia de janeiro, aceitei privilégios maiores na sinagoga e assim vim, desviando meus passos sobre os meses como regular pionner e cônego.

Na precisa data divisora dos semestres de 2006, comecei o processo rápido e drástico de 'desajuizar-me'. Acontecimentos que oscilavam entre bençãos celestiais e castigos diabólicos no breve espaço de um dia, de uma semana ou um mês, levaram-me a uma reestruturação dos conceitos - talvez má reestruturação. Aliás, com certeza, péssima reestruturação.

Na sinagoga, aceitei e abracei várias obrigações. Cheguei, sem gabar-me (muito pelo contrário!), a juntar seis atribuições de importâncias entre os valores A e B.
No quarto e último trimestre do ano passado, encontrei-me em uma pane de sistema 'equilibriológico'. Desconhecia se as responsabilidades eram pesadas demais ou se eu era fraco - forte demenos. Desconhecia, perdoem-me o tempo verbal mal empregado; o correto é: desconheço.
Ciente ou não, foi preciso colocar as responsabilidades à disposição dos mais aptos. Territórios, libras, balcão, palestras e contas. Uma a uma, degrau a degrau, step by step. Sobrou apenas uma. Apenas nominalmente, é bem verdade. Sobrou talvez não exprima o que eu quero dizer. Apesar de chula, a oração condizente com meus pensamentos é: "'Escapou' apenas esta responsabilidade".

Espantou-se com minha sinceridade? Preferirias ser afagado pela minha hipocrisia?

Bem, continuando... escapou. Não encontro outro motivo para explicar-lhes que não seja este: respeito. Em respeito a várias pessoas, arrazoei que deveria ficar com o título a mim aferido há exatamente um ano atrás (Quinta-feira, 05/01/2006). Digo 'pessoas' e tomo liberdade para me incluir nesse hall. Consegui, não por nepotismo ou simonia. Não! Foi às duras penas... cilício e tudo mais! Então, respeitando-me, diga ao povo que, com esse, eu fico.

Citando Tancredo Neves, meu primeiro compromisso para 2007 é com a liberdade. Temos, em geral, o péssimo hábito de associar liberdade com libertinagem. É a mesma ignorância existente em confundir habbeas corpus com corpus cristhis. Liberdade é cristã. Libertinagem é pagã.

Deixemos Tancredo nas Minas Gerais e partamos para a França de 1789. Além da referida liberdade, os ideais napoleônicos envolviam também Igualdade e Fraternidade.

Apesar de desajuizado, conservarei sanidade o suficiente para ater-me a este lema em 2007.

Liberdade. Livre das grades da perfeição.
Igualdade. Não permitir que outros seres me rebaixem, nem permitir meu próprio íntimo se ensoberbecer.
Fraternidade. Leal aos que me forem leais. Indiferente aos que não forem.
De Belo Horizonte para Paris, e agora para o Ceará; citando Fagner, assumo a condição de descrente nos sentimentos nobres. 'Hoje só acredito no pulsar das minhas veias'. 'Não acredito mais no fogo ingênuo da paixão'. Tudo bem que para que minha carreira de poeta decole, é mais que necessário que eu me apaixone e ame. Apaixonar-me-ei. Amarei. De modo e meios diferentes. Dos quais, perdoem-me a mediocridade, até eu mesmo desconheço.

Apesar de todo o mau agouro de começar o ano assim, autodenominando-se louco, eu, apesar de agora insano, apelarei para a razão de auxiliar-lhes no entendimento das minhas novas propriedades. Observe:

Lembro-me de, aos quatro ou cinco anos, preocupar-me com a fome dos meus ancestrais em Garanhuns-PE; recordo-me, com náusea, de, aos nove anos, pregar a eficácia da coleta seletiva de lixo e dos programas sociais não-governamentais (por exemplo, TELETON). Concluiremos, com base nos registros e dados apresentados, que fui um adulto precoce. Agora, sou um adolescente tardio - com todas as inconsequencias, displicencias e irresponsabilidades própria de minha idade social (não direi nem mental nem física).

Ah, eu vou embora que dia mesmo? Bem, aqui em Caetité estão todos ansiosos para saber. Eis a resposta: vou dia Trinta. Trinta de Fevereiro. (RISOS) Desculpem a brincadeira sem graça. É bem verdade que eu ainda não sei. Hoje, decidi ir dia quinze de janeiro, segunda feira. Porém, sou constante na minha incostância. QUERO ir amanhã, terça-feira. Já liguei pra rodoviária e tudo. No entanto, acho que PRECISO ficar até meados de fevereiro. E tem momentos que eu penso que PRECISO ir no máximo, segunda-feira; mas QUERO ficar até fevereiro. Ufa, cansei de mim agora, sabia?!

Talvez muita gente queira preparar uma festa ou coisa assim, afinal hipocrisia nem sempre tem limites (principalmente aqui na Central). Não haverá, pelo menos para mim. Não digo quando vou. Mostrarei uma foto aqui no blog de mim lá; aí, saberão que eu... FUI!

Odeio despedidas. Fica sempre um pedacinho de mim do outro lado do derradeiro abraço. As vezes, fica eu todo grudado no corpo dos meus amigos e amores deixados. Presentes eu até aceito. Festa, não.

Enfim, Não peço que salvem em suas máquinas ou mentes este texto. Sendo ele somente jornalístico, a elucidação de novos fatos e acontecimentos alteram suas resoluções e verdades. O jornal de hoje embrulha o peixe de amanhã. Meu drama de hoje será a comédia do dia seguinte, acho que até para mim mesmo. Entre chorar e rir sobre o leite derramado, eu escolho lamber o chão.

Portanto, ainda sou o mesmo. Camaleão numa floresta de loucos.

Acima de qualquer suspeita mas abaixo de qualquer certeza.

Amo muito vocês, viu?!
Até a próxima.

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