sexta-feira, dezembro 08, 2006

Toma que é teu



Escrevi esse e-mail nos pouquissimos minutos de folga nesta tarde de inauguracao da Casa Bella Requinte. Sem almoço, sem sossego... tanta gente... tanta pergunta... tanto stress. Tive uma pequena crise se stress ao chegar em casa. Passou. Desculpem pelo texto de hoje. Tá fraquinho.


Toma que o coração é teu

Por favor, segure com cuidado.
É objeto frágil. Já foi remendado com alguns adesivos de sonhos, colado com ilusões... Mas é teu, todo teu meu coração.

Não tendo mais dominío sobre o objeto, deposito-lhe em suas mãos magras. Não é contrato de locação. É doação mesmo. Doação, não. BOnificação. Como retribuir todo o seu amor? Como pagar por todo o seu carinho? Procurei nos bolsos vazios, procurei na mente cansada... procurei no meio do meu peito e encontrei-o, enfim.

Toma. É teu. Não se preocupe: não o vou querer de volta. Não uso mesmo. Ele apenas bate aqui sossegado, desobedecendo aos meus mandos. Cansei de tê-lo. Quem sabe terás mais destreza ao lidar com este coração imcompreendido. Coração que procura amores para se aquecer, e que depois procura amargura para se esfriar. Quem sabe não poderá ser mais feliz na manutenção dessas várias peças falidas da minha engrenagem cardíaca.

Só lhe peço cuidado. Mentira, falar sem pensar e pensar sem falar faz meu coração desesperar-se, ameaçando todo o resto do meu ser. Com a verdade, sinceridade e cumplicidade, o portador tem um coração sem prazo de validade definido.

É um coração de menino. Não tem muito juízo. Troca o certo pelo errado. Paga o preço da justiça. Cobra o lucro da verdade.

É um coração cigano - inconstante no lar. Ora reside no perfume dos seus cabelos, ora está morando no brilho celeste dos seus olhos...

É um coração vagabundo. Preguiçoso para as despedidas. Lânguido para esquecer velhas amizades. Procrastina o último beijo. Gosta de reticências... Não coloca ponto final em nada

É coração de poeta frustrado. Amante da arte de talhar os momentos imensuráveis olhando no fundo dos olhos do amor da sua vida na simplicidade das letras. Só vinte e seis letras. Como cabem? Poeta sonhador. Quer que o mundo lhe reconheça. Mas não nega preferir ter seu amor como único fã.

Negócio fechado, então? Por ser dado assim, sem muito esforço, temo que não reconheça seu valor e trate-o assim de qualquer maneira. Não, por favor. Devolva-o já, se tiver dúvidas de suas habilidades no trato cardíaco de alheios.

Coração errante. Tão ignaro e tão sábio ao mesmo tempo. Tão ignaro por se apaixonar assim facilmente, de mãos beijadas... E tão sábio por te escolher.

Coração impaciente. Esperou vinte anos para te encontrar e padece bem lá no fundo nos seus cinco minutos de atraso. Esperou tanto e tanto para ver e sentir-te chegar à minha vida e fica próximo de um desatino por passar apenas uma tarde sem um toque seu.

Seja como for, é teu. De hoje em diante, tu o definirás, tu decidirás sobre seus jeitos e escolhas. Eu já não o posso mais. Apenas olho para meus dedos com a cara de um moleque que esconde segredos...
Escondo segredos...
Me escondo...
Te olho...
Te amo.

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